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População de dinossauros já estava em declínio antes de queda de asteroide

Estudo em escala inédita, que combinou análise de fósseis e modelagem matemática, revelou que fatores como mudanças climáticas já estavam empurrando animais para a extinção antes de catástrofe
Dinossauros

Créditos: Jorge Gonzalez

A morte dos dinossauros, 66 milhões de anos atrás, foi causada pelo impacto de um enorme asteroide na Terra. No entanto, os paleontólogos debatem se eles já estavam em declínio muito antes disso acontecer.

Em um novo estudo, publicado na revista Nature Communications, uma equipe internacional de cientistas mostra que esses gigantes pré-históricos entraram em crise nos dez milhões de anos que precederam o golpe final de morte.

“Observamos as seis famílias de dinossauros mais abundantes em todo o Cretáceo, abrangendo de 150 a 66 milhões de anos atrás. Descobrimos que todos eles estavam evoluindo e se expandindo e claramente sendo bem-sucedidos. Então, há 76 milhões de anos, eles tiveram uma queda repentina. Suas taxas de extinção aumentaram e, em alguns casos, a taxa de origem de novas espécies caiu.” disse o autor principal do artigo, Fabien Condamine, pesquisador do CNRS do Institut des Sciences de l’Evolution de Montpellier, na França.

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A equipe usou técnicas de modelagem bayesiana a fim de dar conta de registros fósseis incompletos e incertezas sobre a datação dos fósseis por idade e modelos evolutivos. Cada um dos modelos foi executado milhões de vezes para considerar todas as possibilidades e descobrir se as análises convergiriam para um resultado mais provável.

“Em todos os casos, encontramos evidências do declínio antecedente à chegada do asteroide. Também observamos como esses ecossistemas de dinossauros funcionavam. Ficou claro que as espécies herbívoras tendiam a desaparecer primeiro. Isso desestabilizou os ecossistemas, ​​facilitando seu colapso.”, explicou Guillaume Guinot, também do Institut des Sciences de l’Evolution de Montpellier.

Os pesquisadores utilizaram mais de 1.600 registros do período Cretáceo cuidadosamente verificados. Segundo Phil Currie, co-autor do estudo, nos últimos anos, houve um grande aumento na quantidade de dados disponíveis sobre as idades das formações rochosas que contêm fósseis de dinossauros.

“Isso significa que os dados estão melhorando. O declínio dos dinossauros em seus últimos dez milhões de anos faz sentido e, de fato, esta é a época com melhores amostras de seu registro fóssil, conforme aponta nosso estudo.”, disse Currie.

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O pesquisador Mike Benton, da Escola de Ciências da Terra da Universidade de Bristol, outro co-autor, explica o trabalho.  “Nas análises, exploramos diferentes tipos de causas possíveis para o declínio dos dinossauros. Um dos principais fatores é que os climas estavam ficando mais frios. Isso tornou a vida desses animais mais difícil, pois eles provavelmente dependiam de temperaturas quentes”.

Dessa maneira, a perda e declínio dos dinossauros tornou os ecossistemas instáveis e propensos à extinção em cascata. Os pesquisadores também descobriram que as espécies com maiores expectativas de vida estavam mais sujeitas à extinção. Elas, então, não poderiam se adaptar às novas condições na Terra.

“Este foi um momento chave na evolução da vida. O mundo foi dominado pelos dinossauros por mais de 160 milhões de anos e, à medida que declinavam, outros grupos começaram sua ascensão, incluindo os mamíferos. Os dinossauros eram, em sua maioria, tão grandes que provavelmente mal sabiam que os pequenos mamíferos peludos estavam lá na vegetação rasteira. Mas os mamíferos começaram a aumentar em número de espécies antes que os dinossauros tivessem partido, e depois do impacto eles tiveram a chance de construir os ecossistemas que vemos hoje.”, diz Fabien Condamine.

 

Publicado em 01/07/2021

 

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