Técnica de análise de DNA reescreve a história de mamutes e 179 outros animais
Com base em registros ósseos e dentais, acreditava-se que os últimos mamutes do território de Yukon, no Canadá, tivessem sido extintos há cerca de 12 mil anos. Mas uma nova técnica de amostragem genética sugere que os enormes animais podem ter persistido por muito mais tempo. A história está arquivada no solo.
Ossos são ricas fontes de informação genética pré-histórica, mas não são a única; elementos que vão de células epiteliais descamadas na Era do Gelo a agulhas de pinheiros podem contribuir para o registro genético armazenado na terra. Paleogeneticistas têm extraído e analisado “DNA ambiental” contido em solo há muito tempo, mas eliminar material que não seja DNA sem destruir essas frágeis pistas é uma tarefa atemorizante.
“Amostras ambientais contêm muitas outras substâncias químicas difíceis de se separar do DNA que nos interessa”, diz Tyler Murchie, geneticista da Universidade McMaster. “Não podemos perder nada do que conseguimos obter”. Em Quaternary Reports, Murchie e seus colegas descrevem técnicas mais sutis que recuperam até 59 vezes mais material genético do que outros métodos.
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Será que a extinção dos animais da Era do Gelo foi causada por algum impacto com um objeto cósmico?
Na nova abordagem, amostras de solo são extraídas com um cinzel esterilizado e depois fracionadas em porções menores, mexidas e passadas por um “método de centrifugação a frio” para separar a maior quantidade possível de DNA. Este material é então comparado com uma biblioteca genética para detectar combinações de espécies. “Essas técnicas não só obtêm mais DNA, mas também extraem DNA mais diverso”, diz Chris Widga, da Universidade Estadual do Leste do Tennessee, não envolvido no novo estudo. Uma combinação das novas técnicas de extração e enriquecimento conseguiu extrair genomas inteiros de múltiplos organismos extintos simultaneamente a partir de menos de 1 g de sedimento.
A metodologia é limitada porque os pesquisadores precisam saber que tipo de DNA procurar. Se uma espécie de felídeos esmilodontes (como o dente-de-sabre) já não estiver registrada na biblioteca genética, por exemplo, a análise não pode detectar o animal. Mas, com espécies conhecidas, o processo pode produzir informações interessantes. Em seu estudo, os pesquisadores detectaram cerca de 2.100 tipos de plantas e 180 animais, incluindo mamutes-lanudos, em amostras de solo datadas de milhares de anos após sua suposta extinção.
Resultados ainda não publicados de outros sítios mostram resultados similares, diz Murchie, e futuras descobertas de fósseis poderiam fortalecer o caso.
Riley Black
Publicado anteriormente na edição de fevereiro de 2021 da Scientific American Brasil; aqui em 05/08/2022.