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Sucesso de voo privado à ISS abre novas portas para exploração do espaço

Após sucesso da viagem, diretor da agência americana fala em considerar missão como primeiro passo para futuros voos até a Lua e Marte.

A sonda da SpaceX, Crew Dragon Endeavor (centro), no momento em que foi içada ao navio de resgate GO Navigator logo após o pouso no Golfo do México, na costa da Flórida. Crédito: Bill Ingalls Nasa.

Após o  sucesso da primeira missão tripulada da empresa SpaceX, a Nasa expressou seu otimismo sobre o futuro da exploração espacial humana. 

A Crew Dragon, a cápsula da SpaceX,  aterrissou nas águas do Golfo do México no dia 02 de agosto trazendo  os astronautas da Nasa Bob Behnken e Doug Hurley, terminando assim o histórico teste de voo  Demo-2 para a Estação Espacial Internacional. 

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O lançamento Demo-2, que ocorreu em 30 de maio, foi a primeira missão orbital tripulada a partir  do solo dos Estados Unidos desde o voo final do programa do ônibus espacial  da Nasa, em 2011. Com o sucesso da  Demo-2, a nação está pronta para deixar esse período de vacas magras para trás, disse o administrador da NASA, Jim Bridenstine. 

“Hoje foi uma grande vitória, mas foi apenas com começo”, disse Bridenstine em uma conferência de imprensa após o pouso. 

“Nós estamos entrando em uma nova era na exploração espacial, onde a Nasa não é mais a compradora, dona e operadora de todo a infraestrutura”, ele acrescenta. “Nós seremos um cliente,  um cliente entre  muitos,  em um mercado comercial robusto para a exploração espacial humana da  órbita próxima à Terra”.

A Nasa  é o primeiro cliente para os serviços de transporte de astronautas da SpaceX: a agência  financia o desenvolvimento e os testes da Crew Dragon através de seu Programa de Tripulação Comercial há uma década. 

Em 2014, a Nasa premiou a empresa de Elon Musk com um contrato de 2,6 bilhões de dólares para concluir  o trabalho e voar pelo menos seis missões operacionais para e da estação espacial utilizando a Crew Dragon e o foguete Falcon 9. A Boeing obteve um contrato de transporte similar, de 4,2 bilhões de dólares, para o qual utilizará  uma cápsula chamada CST-100 Starliner. (A Starliner ainda não está pronta para carregar astronautas; deve primeiro realizar uma missão teste de vôo não tripulado  para a estação espacial, após falhar no encontro com o laboratório em órbita como planejado em dezembro de 2009.) 

 A SpaceX agora pode começar a trabalhar em  sua primeira missão operacional, a Crew-1, que levará  quatro pessoas, que tem o lançamento marcado para o fim de setembro, se a análise dos dados da Demo-2 não apresentar  nenhum sinal vermelho. Isso parece pouco provável, dado o quão bem foram os testes de vôo. 

“Foi uma missão incrivelmente tranquila”, disse a chefe de operações da missão, Gwynne Shotwell. Ela chegou a identificar dois pequenos problemas, que podem ser consertados, que aconteceram durante o pouso. O gerador de backup falhou no Navegador GO, o navio  que resgatou buscou o Crew Dragon da água após o pouso no mar. E os níveis de tetróxido de nitrogênio, um comburente tóxico, permaneceram elevados próximo a cápsula por mais tempo do que se esperava,fazendo com que a equipe de recuperação tivesse que  expurgar o gás antes de extrair Behnken e Hurley da espaçonave. 

Houve um terceiro problema também, mas que não dependeu da  SpaceX. Barcos privados se aglomeraram ao redor da Crew Dragon logo após o pouso, não respeitando a distância que a Guarda Costeira dos Estados Unidos havia estabelecido antes.

A Nasa não é o único cliente da SpaceX.  A empresa  Axiom Space reservou uma viagem para a estação espacial usando a capsula Crew Dragon, com lançamento previsto para em algum momento no ano que vem. 

E a empresa de turismo espacial  Space Adventures planeja voar quatro passageiros a bordo da Crew Dragon em 2021 e 2022. Tal missão não irá se acoplar  com a Estação Espacial Internacional, alcan;cando uma órbita ainda mais alta de forma a realizar uma viagem de cinco dias aproximadamente. 

A SpaceX também está trabalhando no sucessor da Crew DragonA empresa já está construindo e testando protótipos para seu próximo sistema de vôo espacial, o Starship, que está sendo projetado para levar astronautas à Lua, Marte e qualquer outro lugar que se queira  ir. (Marte é o principal destino a longo prazo; Musk repetidamente disse que começou a SpaceX em 2002, principalmente para ajudar a humanidade a colonizar o Planeta Vermelho.) 

O Starship está sendo considerado para servir como sistema  de pouso  para o programa Artemis, da Nasa, que visa colocar dois astronautas na Lua até 202, e estabelecer uma presença a longo prazo na superfície lunar e em sua órbita até 2028. 

A Nasa enxerga a Lua como uma etapa para viajar até Marte, para onde pretende enviar  missão tripulada  em algum momento na década de 2030. A Nasa está desenvolvendo seu próprio equipamento  para levar os  astronautas até a Lua e  Marte, uma cápsula com tripulação chamada Orion, e um foguete gigante conhecido como Sistema de Lançamento Espacial. Espera-se que essa dupla voe junto pela primeira vez, em um teste não tripulado ao redor da Lua, no fim de 2021. 

O sucesso da Demo-2 traz esses dois destinos um pouco mais próximos, disseram Bridenstine e Shotwell. “Hoje é um grande dia. Nós devemos celebrar o que conquistamos hoje e aqui, trazendo Bob e Doug de volta”, disse Shotwell. “Mas nós devemos pensar sobre isso como um trampolim para realizar coisas ainda mais difíceis, com o programa Artemis e então, claro, Marte”. 

 Mike Wall

Publicado em 04/07/2020

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