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Rover Perseverance coleta primeiras amostras em Marte

Região onde foi realizada coleta teria sido marcada por atividade vulcânica e períodos de água no passado. É possível que a presença de água tenha tornado a área mais acolhedora para a vida microscópica.
Rover Perseverance da Nasa coleta primeiras amostras de rocha em Marte

Esta imagem obtida pelo Perseverance mostra o local onde foram coletadas as duas primeiras amostras de rocha em Marte. Créditos: Nasa / JPL-Caltech

Desde seu pouso no planeta vermelho em fevereiro de 2021, o rover Perseverance, da Nasa, explora a região conhecida como Cratera de Jezero. No início deste mês, após uma tentativa fracassada, ele conseguiu coletar suas primeiras amostras de rocha em Marte. A primeira delas, chamada “Montdenier”,  foi obtida em 6 de setembro. Já a segunda, “Montagnac”, no dia 8.

O sucesso da tentativa de coleta é um importante avanço no estudo do passado marciano. Isso porque cientistas esperam que a análise do local de origem de ambas as amostras pode ajudar no entendimento do histórico da região, que teria sido marcado por atividade vulcânica e períodos de água.

A rocha que forneceu essas primeiras amostras é de composição basáltica, podendo ser o produto de fluxos de lava. Caso sua origem vulcânica seja confirmada, isso facilitaria a tarefa de determinar a época em que ela se formou. A presença de minerais cristalinos em rochas vulcânicas é especialmente útil no método de datação radiométrica, ou seja, na determinação de sua idade com base no decaimento de substâncias radioativas.

Cada amostra pode servir como parte de um quebra-cabeça cronológico maior. Ao colocá-las na ordem certa, os cientistas terão uma linha do tempo dos acontecimentos mais importantes na história da região. Alguns desses eventos incluem a formação da cratera de Jezero, o surgimento e desaparecimento do lago de Jezero e mudanças no clima do planeta.

Além disso, dentro dessas rochas, foi observada a existência de sais. É possível que estes tenham se formado a partir da água subterrânea. Ela teria alterado os minerais originais na rocha, ou, mais provavelmente, os sais foram deixados quando a água líquida evaporou.

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É possível também que os minerais tenham prendido pequenas bolhas de água marciana antiga. Eles podem, portanto, servir como cápsulas microscópicas do tempo, oferecendo pistas sobre o antigo clima e a habitabilidade de Marte. Na Terra, por exemplo, os minerais de salsão conhecidos por sua capacidade de preservar sinais de vida antiga.

Sabe-se que a cratera Jezero, localizada ao norte do planeta vermelho,  já foi preenchida por um enorme lago, numa época em que as condições marcianas eram muito mais quentes e úmidas. No entanto, os cientistas não sabem dizer por quanto tempo o lago existiu, e não podem descartar a possibilidade de que o lago de Jezero fosse apenas momentâneo. As enchentes preencheriam rapidamente a cratera de impacto, e ele poderia ter  secado no intervalo de 50 anos.

Porém, observações da rocha que forneceu as amostras, bem como daquela que a equipe visou em sua primeira tentativa de aquisição de amostra, sugerem que a água subterrânea esteve presente por um longo tempo.

Ela pode estar relacionada ao lago que existiu em Jezero. Mas também é possível que a água tenha percorrido as rochas muito depois de ele ter secado. Embora os cientistas ainda não possam dizer se sua presença durou dezenas de milhares ou milhões de anos, eles têm certeza de que a água esteve lá por tempo suficiente para tornar a área mais acolhedora para a vida microscópica.

“Essas amostras são muito valiosas para futuras análises na Terra”, disse Mitch Schulte, um dos cientistas responsáveis pela missão. “Um dia, poderemos determinar o momento das condições ambientais que os minerais desta rocha representam. Isso ajudará a responder à questão da água líquida em Marte.”

Próxima parada: Séítah

O Perseverance está atualmente explorando a cratera atrás de  amostras que podem responder nossas dúvidas sobre a história de Marte. As mais promissoras são seladas em tubos de titânio e armazenadas pelo rover, até que ele as deixe cair para serem recuperadas por uma missão futura. É provável que o Perseverance crie vários “depósitos”, onde deixará amostras que serão coletadas e retornadas à Terra por outra missão. Ter um ou mais depósitos aumenta a probabilidade de que amostras especialmente valiosas estejam acessíveis para recuperação na Terra.

O próximo local de exploração do jipe robô está a apenas 200 m. O sul de Séítah apresenta uma série de cumes cobertos por dunas de areia, pedregulhos e fragmentos de rocha. Enquanto as amostras obtidas recentemente representam uma das camadas de rocha mais jovens que podem ser encontradas no chão da cratera de Jezero, o sul de Séítah, por outro lado, é mais antigo e fornecerá à equipe melhores informação para entender os eventos que moldaram o fundo da cratera, incluindo seu lago.

Porém, essa próxima fase ainda deve demorar. No início de outubro, todas as missões em atividade em Marte deixarão de acionar seus equipamentos por várias semanas, uma medida de proteção durante um período chamado conjunção solar de Marte. O Perseverance não deve perfurara superfície do sul de Séítah até algum tempo depois desse período.

Publicado em 17/09/2021

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