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Raios gama em dose dupla

Explosão extremamente distante, visível a olho nu, quebra a rotina emitindo um jato duplo de matéria

Um novo estudo de explosão estelar ─ visível na metade do Universo ─ revela que essa explosão tinha uma estrutura incomum, nunca antes observada. A explosão de raios gama (GRB, sigla em inglês) 080319B se destaca por ter sido a explosão estelar mais luminosa já registrada.

Analisando o brilho visível pós-explosão, os astrônomos descobriram que a luz emitida apresentou um pico inicial, uma hora depois da explosão e um segundo pico 11 dias depois.

A explicação mais provável para o evento é que a GRB produziu dois jatos relativísticos (muito velozes), um dentro do outro. O gás e a poeira ao redor da estrela em explosão brilhavam cada vez que o jato os atingia.

Detectores no satélite Swift Gamma-Ray Burst, da Nasa, e o instrumento de raios gama russo Konus, a bordo do satélite Wind, também da Nasa, detectaram a explosão inicial em 19 de março de 2008. Exatamente no mesmo momento, dois telescópios ópticos, no solo, observavam a última GRB, 0803119A, que tinha se extinguido 30 minutos antes, na mesma parte do céu.,Esses telescópios, juntamente com o telescópio óptico/UV, do Swift, e outros telescópios robóticos alertados pelos satélites, monitoraram o brilho pós-explosão em luz visível que durou seis semanas.

Cientistas acreditam que a GRB 080319B teria sido visível a olho nu por cerca de 40 segundos, se alguém estivesse observando, na direção da constelação do Boieiro.

Esse foi, de longe, o evento mais notável, pois estima-se que a explosão ocorreu há 7,4 bilhões de anos ─ antes da formação da Terra e do Sol. Além disso, foi também o
quadro mais completo já observado de uma GRB, comenta a autora do estudo, Judith Racusin, astrofísica da Pennsylvania State University, em University Park.

“Eles já estavam preparados para captar esse brilho intenso”, observa a pesquisadora, referindo-se aos telescópios. “Foi realmente muita sorte a explosão mais brilhante ter ocorrido quando estavam observando naquela direção.”

Acredita-se que GRBs muito mais duradouras ocorram quando estrelas massivas colapsam em um buraco negro, deflagrando uma explosão de supernova e forçando gás e poeira para dentro de um par de jatos que se projetam em direções opostas.

Pesquisadores sugeriram que poderia existir um jato oculto, revela Racusin, mas ninguém previu que o jato interno poderia se movimentar tão rápido e produzir sozinho toda a radiação gama observada. Essa é a interpretação de parte da equipe.

Ela observa que a estratégia de usar o Swift para apontar telescópios localizados no solo para as GRBs foi bem sucedida, revelando tipos raros de explosão, que estimulam telescópios mais simples a observar esses eventos. “Não as veremos com freqüência,” conclui, “por isso, precisamos continuar procurando.”

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