Problemas no propulsor da Starliner não impedem sucesso da missão
A espaçonave Starliner da Boeing está acoplada à Estação Espacial Internacional (ISS, em inglês) após dois anos e meio de atraso e um lançamento com problemas nos propulsores.
Um foguete Atlas V da United Launch Alliance (ULA) foi lançado da Estação da Força Espacial do Cabo Canaveral, na Flórida (EUA), na quinta-feira (19 de maio) às 18h54 no horário local (19h54 no Horário de Brasília), carregando o Starliner ao espaço, numa missão não tripulada chamada Orbital Flight Test 2 (OFT-2).
Na sexta-feira (20 de maio), o Starliner se acoplou com sucesso à ISS às 21h28 (Horário de Brasília), após realizar uma pequena manobra de recuo, e levou um boneco análogo a um astronauta, chamado de Jeb. Atualmente, ela está localizada na estação, e voltará à Terra no dia 25 para um pouso de paraquedas nos EUA. Se isso acontecer como planejado, a Boeing se mostrará capaz de realizar o transporte de astronautas da NASA até a estação.
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O sucesso do Starliner em entrar na órbita correta depois de se separar do Atlas V na quinta-feira foi um grande marco para a Boeing e para a NASA. Afinal, a cápsula não conseguiu se encontrar com a ISS durante a primeira missão OFT-1 em dezembro de 2019, depois de sofrer algumas falhas de software logo após o lançamento. E não conseguiu decolar quando a OFT-2 foi posicionada na rampa de lançamento pela primeira vez no ano passado; verificações de pré-lançamento revelaram válvulas com defeito no sistema de propulsão da Starliner, um problema que levou cerca de oito meses para ser resolvido.
A decolagem da OFT-2 também foi um grande feito para a ULA, marcando o 150º lançamento da empresa de foguetes, que é um esforço conjunto da Lockheed Martin e da Boeing.
Em uma coletiva de imprensa pós-lançamento na noite de quinta-feira, os especialistas da NASA e da Boeing foram rápidos em parabenizar suas várias equipes pelo trabalho árduo que levou ao lançamento bem-sucedido.
“Hoje foi um grande dia para a tripulação comercial”, disse Steve Stich, gerente do Programa de Tripulação Comercial da NASA. Ao listar os obstáculos e marcos de lançamento dos eventos do dia, ele também mencionou um pequeno defeito no Starliner.
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Durante a ignição de inserção orbital da espaçonave, que ocorreu 31 minutos após a decolagem, dois dos propulsores do Starliner não dispararam como esperado. O primeiro falhou depois de apenas um segundo. Seu backup imediatamente entrou em ação e foi capaz de disparar por mais 25 segundos antes de também falhar. Os sistemas de redundância à prova de falhas ativaram então um backup terciário para o grupo de propulsores, e o Starliner conseguiu concluir a queima crucial sem incidentes.
A espaçonave Boeing é equipada com quatro desses grupos de propulsores em sua seção traseira, referidos na nomenclatura da indústria como “dog houses” (casinhas de cachorro), cada um contendo três propulsores de manobra orbital e controle de atitude (OMAC, na sigla em Inglês) usados para realizar ignições de manobra significativas, como aquelas que atingem o ponto de inserção orbital. Os dois propulsores OMAC que apresentaram defeito e o terceiro que entrou em cena para compensar estavam todos na mesma casinha de cachorro na seção traseira do Starliner, segundo os representantes da Boeing.
“O sistema foi projetado para ser redundante e funcionou como deveria. Agora, a equipe está trabalhando no ‘porquê’ de essas anomalias terem ocorrido”, disse Mark Nappi, vice-presidente e gerente de programa do programa de tripulação comercial da Boeing.
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Nappi enfatizou que a questão não precisava ser resolvida antes da conclusão da missão OFT-2. Durante a conferência, Stich apontou que o Starliner havia realizado uma segunda queima significativa com os mesmos propulsores OMAC, colocando-o no caminho de encontro com a Estação Espacial Internacional.
“Aquela segunda queima que realizamos… usou o terceiro propulsor naquela casinha de cachorro e funcionou bem durante toda a queima. Então, não parece algo comum a todos os três. E, como Mark [Nappi] disse, eles dispararam bem. O primeiro disparou e o segundo queimou durante 25 segundos”, disse Stitch.
“Bem, teremos que revisar um pouco mais a solução dos problemas e ver se podemos descobrir por que esses dois propulsores não completaram a ignição de inserção de órbita”, acrescentou.
Josh Dinner
Josh Dinner é um escritor freelancer, fotógrafo e cinegrafista cobrindo exploração espacial, voos espaciais tripulados e outros assuntos. Ele cobriu tudo, desde lançamentos de foguetes ao mega foguete Artemis 1 Space Launch System da NASA até lançamentos de astronautas da SpaceX para a NASA.
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Publicado originalmente no site da Scientific American dos EUA em 20/05/2022; aqui em 23/05/2022.