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Descoberta mostra que dinossauros não-aviários também podiam viver na água

Fósseis recém-descobertos do Spinosaurus aegyptiacus demonstram pela primeira vez que dinossauros possuíram recursos para prosperar no ambiente aquático

Dois Espinossauros caçam um peixe-espada pré-histórico na região do Kem Kem, onde atualmente fica o Marrocos.

Estudo publicado na revista Nature apresenta evidências de que o Spinosaurus aegyptiacus, o dinossauro predador mais comprido conhecido pela ciência, com 15 m de comprimento, era aquático e utilizava sua cauda para nadar e caçar presas em rios. Trata-se do mais antigo dinossauro a viver integralmente na água identificado pela ciência. É a primeira vez que tal adaptação foi reportada em um dinossauro. O único fóssil do esqueleto conhecido da espécie é também o mais completo já encontrado de um predador do período Cretáceo descoberto no continente africano.

O Espinossauro viveu entre 95 e 100 milhões de anos, e era maior do que o T. rex. Durante o período Cretáceo,  muitas espécies de répteis viviam nos mares, como o elasmossauro e o plessiosauro. Tais animais, porém, não eram dinosauros. Já o Espinossauro pertencia ao  grupo dos dinossauros terápodes. Até agora, os paleontólogos recusavam a ideia de que dinossauros não terapodes poderiam viver integralmente na água. No caso do Espinossauro,  que se alimentava de  peixes, imaginavasse que ele adotava um estilo de vida anfíbio, passado nas partes rasas dos rios onde os predadores esperavam por suas presas. Essa teoria era baseada em seus membros posteriores curtos, seus pés largos, ossos densos e mandíbulas alongadas. Não se acreditava que o dinossauro teria estrutura propulsora para se movimentar na água.   

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Contudo, entre 2015 e 2019, a equipe liderada pelo paleontólogo  Nizan Ibrahim, que tem apoio do National Geographic Institute, recuperou muitos fósseis novos pertencentes ao esqueleto e que não haviam sido desenterrados anteriormente. As descobertas permitiram reconstruir uma espécie de cauda, similar a uma barbatana. Assim que os fósseis foram preparados, a equipe utilizou fotogrametria para obter por meio digital uma visão  de como seria a cauda. Para avaliar quantitativamente a performance da cauda, pesquisadores de Harvard construíram um modelo capaz de permitir comparações com  caudas de crocodilos, tritões e outros dinossauros. Essas análises geraram  resultados consistentes com a ideia de que o animal vivia inteiramente na água. 

Ibrahin  diz que a descoberta é um prego no caixão para a ideia de que os chamados dinossauros não-aviários nunca teriam se tornado aquáticos. A morfologia do animal sugere que o predador não apenas ficava nas águas rasas espernado que os peixes passassem por ali, mas sim que ele perseguia ativamente suas presas na  coluna d’água.  Os resultados mostram também a possibilidade de que outros “parentes” dos Espinossauros vivessem em habitats aquáticos. 

Os fósseis descobertos estavam  na região Kem Kem no Saara Marroquino. Na época, havia no Saara um grande rio, onde o dinossauro viveu. Outro ponto de destaque é que todos os achados feitos pelo projeto serão alojados na Universidade de Casablanca, no Marrocos. O colaborador do projeto Samir Zouhri pondera que no passado, fósseis marroquinos como esse iriam inevitavelmente acabar em coleções na Europa, Ásia ou Estados Unidos. “Agora nós temos a melhor coleção de fósseis de Kem Kem aqui mesmo no Marrocos, incluindo o mais completo dinossauro predador do período Crustáceo no continente africano. Isso é uma virada de jogo”.

As descobertas foram publicadas na revista Nature e no Nationalgeographic.com.

 

Publicado em 30/04/2020

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