O maior cometa já descoberto está voltando para uma visita
Um cometa gigantesco está em sua trajetória de aproximação do Sol e deve chegar nos próximos 10 anos. Conhecido como Bernardinelli-Bernstein, ou C/2014 UN271, na nomenclatura astronômica, ele mede pelo menos 100 km de diâmetro e sua massa é cerca de 1000 vezes maior que a de um cometa comum — mas não apresenta risco para Terra.
A conclusão é de um artigo publicado no servidor de preprints arXiv.org, que observou o cometa em sua trajetória de aproximação do Sol. Atualmente, Bernardinelli-Bernstein está a 29 unidades astronômicas (UA) do centro do Sistema Solar — 1 unidade astronômica equivale à distância entre a Terra e o Sol.
Conforme se aproxima, o cometa atravessará as órbitas de Netuno e Urano, atingindo seu ponto mais próximo da Terra nas proximidades da órbita de Saturno. Neste momento, ele estará a 10.97 UA da Terra, o que não é motivo para preocupação — nem sequer será possível observá-lo sem a ajuda de telescópios.
++ LEIA MAIS
Gigantesco cometa se aproximando do Sistema Solar intriga cientistas
Cometas também possuem aurora polar
Esta não é a primeira vez que Bernardinelli-Bernstein se aproxima. Há quase 3,5 milhões de anos, o cometa chegou a 18 UA do Sol. “Nós concluímos que Bernardinelli-Bernstein é um ‘novo’ cometa, no sentido que não há evidências de uma aproximação maior que 18 UA,” escreveram os pesquisadores no artigo. Em outras palavras, ele pode ser considerado “novo” porque nenhum humano pôde vê-lo em sua aproximação anterior.
Depois disso, o cometa voltou a se afastar, até chegar a 40 mil UA de distância, navegando na Nuvem de Oort. Essa nuvem é uma camada esférica de rochas fragmentadas, localizada além de qualquer planeta do Sistema Solar. Por ser de difícil observação, astrônomos acreditam que ela ainda contém muitos objetos não mapeados.
A descoberta do cometa
Foi nessa região remota do Sistema Solar que o cometa foi inicialmente descoberto, em junho de 2021, a partir da análise de dados do DES (Levantamento da Energia Escura, na sigla em inglês). Este estudo, ativo entre 2013 e 2019, buscava entender as dinâmicas da expansão do Universo causadas pela energia escura. Para isso, mapeou grandes regiões do céu visto do hemisfério sul, descobrindo mais de 800 objetos na Nuvem de Oort — Bernardinelli-Bernstein foi um deles.
Devido ao seu tamanho massivo, Bernardinelli-Bernstein foi inicialmente confundido com um planeta anão, de acordo com o anúncio de sua descoberta. Porém, observações mais precisas de sua trajetória identificaram seu longo período de órbita e, mais notavelmente, uma cauda brilhante típica de cometas. Essa cauda também revela que ele é composto por gelo, derretendo conforme se aproxima de regiões mais quentes do Sistema Solar local.
Durante os próximos 10 anos de sua aproximação, astrônomos poderão estudá-lo com calma. Isso é importante porque cometas como este, vindos da Nuvem de Oort, mantiveram-se quase inalterados ao longo dos bilhões de anos de evolução do Sistema Solar, e podem guardar informações importantes sobre sua formação.
Publicado em 07/10/2021.