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Nova célula sintética é capaz de crescer e se dividir tal como bactérias

Organismos criados em laboratório estão cada vez mais parecidos com seres naturais. No futuro, forma de vida artificial poderá ser importante para tratamento de doenças.
Célula sintética consegue se dividir de maneira natural e uniforme através da manipulação do genoma

Créditos: Copyright Emily Pelletier

Pela primeira vez, uma célula sintética, ou seja, criada em laboratório, imitou o comportamento de células naturais. O novo organismo foi capaz de crescer e se dividir de maneira uniforme, o que pode assegurar posteriormente um desenvolvimento natural e saudável.  O novo estudo, publicado na revista Cell, envolveu pesquisadores de três instituições dos EUA.

Como foi criada essa célula sintética? 

A primeira célula composta inteiramente por genoma sintético foi construída em 2010, recebendo o nome de CVI-syn1.0. Ela, no entanto, não foi feita “do nada”. Os pesquisadores utilizaram como ponto de início os organismos componentes da bactéria micoplasma. 

A metodologia envolvia a destruição do DNA original presente naquelas células, e a inserção, em seu lugar, de informação genética construída pelo computador e sintetizada em laboratório. Como ponto de origem da descoberta, pode-se citar a construção se deu através do estudo de genes que compõem o organismo.  

A seguir, as células são  colocadas em um ambiente controlado que contém todas as condições ideais para seu crescimento, que é monitorado pelo grupo de pesquisa através de um microscópio óptico.

O foco dos  cientistas está em  reduzir ao máximo a quantidade de componentes dessa célula. A fim de saber como cada manipulação genética impactava os estudos, a equipe utilizou o equipamento para registra em vídeo cada pequena alteração realizada. Caso a retirada de um gene atrapalhasse o crescimento do organismo, ele logo era acrescentado novamente.

Células sintéticas se dividindo

Cena do vídeo gravado pela equipe de pesquisa que mostra o organismo JCVI-syn3A crescendo e se dividindo. Créditos: E. Strychalski/NIST and J. Pelletier/MIT

Em 2015, poucos anos após o primeiro teste, foi registrada a versão CVI-syn3.0, que constituía a representação mais simples de uma célula viva. Ela contava com apenas 473 genes, em comparação aos 4 mil que compõem a bactéria E. coli e os 50mil encontrados nas células humanas. 

Mas, apesar de se dividir em partes geneticamente idênticas, este organismo sintético ainda apresentava um comportamento estranho, produzindo outras células de tamanhos e formatos diferentes

Para resolver o problema, os pesquisadores acrescentaram mais 19 genes à célula, sete deles sendo identificados como essenciais para resultar em uma divisão uniforme. A nova variante, apelidada de JCVI-syn3A.    

O que a descoberta significa?

Em primeiro lugar, o desenvolvimento de organismos sintéticos idênticos aos naturais poderá contribuir para a produção de medicações, alimentos, combustíveis e vários outros materiais no futuro.

Além disso, a identificação dos genes que contribuem para os processos de divisão naturais de uma célula também  ajudará a detectar doenças e tratá-las diretamente dentro do corpo.  

Próximos passo

Conforme afirmaram dois dos co-autores do estudo, Elizabeth Strychalski, líder do Grupo de Engenharia Celular do Instituto Nacional de Padrões e Tecnologia (NIST) dos EUA e James Pelletier, do Instituto de Tecnologia de Massachusetts (MIT), o objetivo dos pesquisadores é entender a configuração fundamental da vida e função de cada gene, a fim de desenvolver um modelo um modelo completo de uma célula. Dos sete genes adicionados à última versão do organismo sintético, apenas se sabe a exata função de dois. O papel dos outros cinco é desconhecido, e será objeto dos próximos estudos.

 

Nathalia Giannetti

Publicado em 30/03/2021

 

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