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Nasa soluciona problema em sonda que coletou amostra de asteroide

Graças a procedimento de emergência, cientistas debelaram vazamento de material coletado do Bennu, abrindo caminho para vigem de retorno à Terra

 

Coletor da OSIRIS-REx paira acima da cápsula de retorno da espaçonave (à esquerda) ante de, com sucesso, estocar a amostra no coletor (à direita). Créditos: Nasa, Goddard, Universidade do Arizona e Lockheed Martin

A  sonda OSIRIS-REx conseguiu solucionar os problemas de estocagem de suas preciosas amostras de asteroide para trazê-las de volta à Terra. 

A OSIRIS-REx concluiu o armazenamento de fragmentos do Bennu, um asteroide rico em carbono, que escaparam no dia 20 de outubro, ao estocar o material dentro da cápsula de retorno da espaçonave, anunciaram os membros da equipe no dia 29 de outubro. 

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E a amostra parece ser substancial: muito mais pesada do que os 60 g que eram o objetivo inicial da missão, disseram os membros da equipe. De fato, OSIRIS-REx coletou tanto material no dia 20 de outubro, que o  compartimento usado para coletar as amostras não conseguiu fechar direito: uma aba foi mantida aberta pelos grandes fragmentos coletados no Bennu. 

A equipe da OSIRIS-REx notou esse problema semana passada quando examinava fotos do coletor e das amostras; nas imagens era possível ver pedacinhos de material à deriva. Para minimizar a perda de material,  a equipe decidiu antecipar a etapa de armazenagem precisa do material, que originalmente só deveria acontecer  semana que vem. 

Ao longo  de 36 horas, durante os dias 27 e 28 de outubro, os engenheiros guiaram a OSIRIS-REx para que depositasse o coletor de amostras, que estava  no fim do braço robótico da sonda, dentro da cápsula de retorno, e depois trancaram a cápsula de retorno acionando duas travas. 

Tudo foi feito enquanto a OSIRIS-REx estava a cerca de 330 milhões de quilômetros de distância da Terra, o que significa que cada comando levava 18,5 minutos para chegar até a sonda, e outros 18,5 minutos para que cada atualização da sonda chegue de volta a Terra. 

“Nós queríamos somente tentar concluir a armazenagem de uma vez, e asegurar que daria certo”, disse a administradora das operações da missão OSIRIS-REx, disse em uma coletiva de imprensa Sandra Freund, da Lockheed Martin Space em Littleton, Colorado. “E definitivamente conseguimos.” 

A mudança de planos exigiu uma realocação de tempo de última hora da Deep Space Network (DSN) da Nasa, o sistema de telescópios de rádio que a agência utiliza para se comunicar com suas sondas distantes. Devido a importância da operação de armazenamento, a OSRIS-REx precisou de um grande período que estava destinado a outras missões da Nasa, mas que se sacrificaram por um bem maior. 

Não foi determinado qual a quantidade de material do asteroide que foi armazenada  na cápsula de retorno da OSIRIS-REx, que chegará a Terra em setembro de 2023. A equipe cancelou um procedimento para pesagem da amostra que envolveria rotacionar a sonda, porque essa manobra resultaria em uma perda maior da amostra.  Mas definitivamente tem muito material do asteroide a bordo, disse o cientista-chefe da missão, Dante Lauretta, da Universidade do Arizona. 

A operação de coleta de amostras em 20 de outubro ocorreu extremamente bem, disse Lauretta, e o coletor penetrou profundamente na superfície de Bennu — talvez 48 centímetros ou mais. A equipe está confiante de que foi possível encher o coletor da OSIRIS-REx, o que significa que provavelmente 2 kg de material tenham sido coletados. 

Em comparação, as perdas que ocorreram ao longo dos dias seguintes parecem ser mínimas  — provavelmente “dezenas de gramas no total”, disse Lauretta. E fotos recentes do coletor mostram que ele ainda está  cheio. Os membros da equipe puderam ver somente 17% do volume do coletor nessas fotos, mas estimam que, apertados ali, estejam pelo menos  400 g de material coletado no Bennu, disse Lauretta. 

Se tal estimativa estiver correta, e se o pedaço de 17% for representativo da amostra inteira, então a OSIRIS-REx pode conter mais de 2 kg de amostra. É isso que embasa a previsão de Lauretta, mas ela decididamente está  otimista. 

“Eu acredito que ainda há centenas de gramas de material no coletor de amostra — provavelmente mais de um quilograma tranquilamente”, disse Lauretta durante a entrevista coletiva. 

Isso seria uma ótima notícia.  Um montante tão grande permitirá que muitos grupos de pesquisa estudem a poeira e as rochas de Bennu, e que diversos experimentos sejam realizados. Como exemplo, Lauretta destacou estudos de química orgânica — especificamente, análises que envolvem açúcares. 

“Espera-se que [os açúcares] estejam presentes em quantidades muito pequenas [em asteróides como Bennu], por isso que se possa extraí-los são necessários muitos gramas de amostras”, disse Lauretta. “Não achamoa que poderia ser feito com uma mostra de apenas 15 g, mas pode ser feito com uma quantidade maior.”  (O time de pesquisadores da  OSIRIS-REx analisará até 25% da amostra que retornar. Se a quantidade total de amostras chegar aos 60 g visados, a equipe iria conseguir estudar até 15 gramas.)

Se tudo ocorrer de acordo com o plano, esses  experimentos poderão revelar muitas informações sobre os primeiros dias do Sistema Solar, e o modo como asteróides como o Bennu podem contribuído para a formação da vida na Terra, ao servirem de veículos para trazer  água e compostos químicos orgânicos que contém carbono. Avançar nestas grandes questões  o objetivo principal da da OSIRIS-REx, uma missão que custou US$ 800 milhões de dólares, lançada em setembro de 2016 e chegou em Bennu em dezembro de 2018. 

Os próximos passos importantes para a missão envolvem os preparativos  para a viagem de volta (embora os engenheiros ainda estejam tentando determinar se existe alguma forma de estimar a massa da amostra que foi armazenada). Os cálculos para a jornada de volta mostram que a OSIRIS-REx pode começar a voltar para casa entre março e maio, e o plano atual é aproveitar essa janela o mais cedo possível, disseram os membros da equipe. 

A OSIRIS-REx é a primeira missão de coleta de mostras da Nasa, mas não é a primeira na história. A missão Hayabusa, do Japão, trouxe para a Terra  pequenos pedaços do asteroide rochoso de mesmo nome para a Terra em 2010, e a sua sucessors, Hayabusa 2, deve trazer amostras do asteroide rochoso Ryugu neste dezembro. 

Mike Wall

SPACE.com

Publicado em 02/11/2020

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