Mudança climática agrava doenças
Gripe aviária, cólera, ebola, peste bubônica e tuberculose são apenas algumas doenças que se espalham facilmente e podem piorar com as mudanças climáticas, de acordo com um relatório publicado pela Sociedade de Preservação da Vida Selvagem (WCS, em inglês). Para prevenir agravamentos, como a “peste negra”, que dizimou um terço da população da Europa no século 14, ou a pandemia de gripe em 1918, que matou entre 20 a 40 milhões no mundo todo, a WCS sugere o monitoramento da vida selvagem para detectar sinais dos agentes dessas doenças para minimizar impactos.
“Haverá mudança na distribuição geográfica das doenças; em certas áreas pode haver redução e, em outras, aumento”, previne o veterinário William Karesh, vice-presidente de programas globais de saúde da WCS. “Estamos solicitando o aumento da vigilância e ações para detectar a presença de doenças infecciosas em uma grande variedade de espécies selvagens, consideradas indicadoras do estado de saúde dos sistemas em que vivem.”
As 12 ameaças consideradas neste momento são:
Gripe aviária. Infecções pelo vírus influenza, subtipo H5N1, estão se tornando comuns em criadouros de aves do mundo inteiro, e mesmo aves selvagens estão sendo infectadas com mais freqüência. A contaminação forçou o extermínio de milhões de patos, galinhas e gansos em todo o mundo resultando em pelo menos US$100 bilhões em prejuízos econômicos.,Babesiose. Doença similar à malária, transmitida por carrapatos e endêmica nos trópicos, tem aparecido em diferentes pontos, como regiões da Itália e em Nova York. É rara em seres humanos e dificilmente mata (pode ser curada com antibióticos).
Cólera. Essa doença é provocada por uma bactéria que se desenvolve em águas mais quentes e causa diarréia violenta, capaz de matar em uma semana. Sem a adequada estrutura sanitária, a elevação da temperatura global aumentará as taxas de mortalidade.
Ebola. Vírus letal para humanos e outros primatas, não tem cura. Ainda não está claro se a doença (acompanhada de febre, vômitos e sangramentos) está relacionada a morcegos herbívoros. O que parece evidente é que os surtos tendem a acompanhar grandes enchentes ou estiagens na África Central.
Parasitas: Muitos se espalham facilmente entre humanos e animais. Temperaturas médias mais elevadas e aumento do regime de chuvas beneficiarão muitos deles ─ entre os quais os minúsculos vermes conhecidos como Baylisascaris procyonis, espalhados por guaxinins.
Doença de Lyme. Enfermidade provocada por uma bactéria (Borrelia burgdorferi, “espiroqueta”) poderá se alastrar à medida que as mudanças climáticas ampliarem o raio de ação dos carrapatos que a transmitem.,Peste bubônica. Mudanças na temperatura e regime de chuvas afetarão as populações de roedores globalmente, assim como as moscas infectadas, vetores da doença.
“Marés vermelhas”. A proliferação de algas tóxicas em águas costeiras pode aumentar, como resultado de temperaturas mais elevadas, ou mudanças na vida marinha litorânea.
Febre do Vale do Rift. Vírus descoberto recentemente provoca febre e fadiga, e é transmitido por mosquitos. Espalha-se rapidamente pela África e Oriente Médio, afetando pessoas além de gado, cabras camelos e carneiros.
Doença do sono. Aquecimento global deverá alterar a distribuição da mosca tse-tsé transmissora da doença. Atualmente infecta mais de 300 mil pessoas por ano na África. As vítimas se tornam letárgicas e muitas apresentam intensa inflamação dos linfonodos.
Tuberculose. As duas variedades da doença, que atingem humanos e animais domésticos, provavelmente aumentarão; em particular o segundo tipo, porque as estiagens farão com que animais domésticos e selvagens partilhem bebedouros naturais.
Febre amarela: mosquitos são os vetores dessa doença que provoca febre e icterícia em animais e humanos.
“A maioria dos microrganismos e macroparasitas se desenvolve em condições específicas de temperatura e umidade”, observa Karesh. “Mudanças climáticas afetam vetores e hospedeiros, e isso rompe o equilíbrio que tem se mantido por milhares de anos”.
Para conter surtos da doença, programas de vacinação e intervenções em saúde estão reunindo esforços para monitorar a febre amarela em macacos, na América do Sul.