Fonte desconhecida de metano em Marte pode estar próxima do rover Curiosity
Os registros da existência de metano em Marte há muito intrigam a comunidade cientifica. Isso porque, na Terra, o gás tem origem biológica, sendo comumente produzido por micróbios. Dessa maneira, sua existência no planeta vermelho pode ser um sinalizador chave para encontrar vida no planeta aparentemente desolado.
E mesmo que seja produzido por processos não biológicos, a descoberta do elemento em território marciano seria evidência de uma atividade geológica intimamente ligada à presença de água líquida – um ingrediente vital para que a vida possa prosperar, seja presente ou no passado recente.
As partículas de metano foram detectadas pelo rover Curiosity em seis ocasiões diferentes após seu pouso na cratera Gale em 2012. Desde então, pesquisadores buscam entender qual a origem do elemento no planeta vermelho. E agora parece que estamos perto de resolver esse mistério.
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Anteriormente, diversas tentativas de checar os picos de metano registrados pelo Curiosity com os dados do Trace Gas Orbiter (TGO), da Agência Espacial Europeia, falharam. Os cientistas concluíram que existem duas explicações para isso: pode ser que exista metano na composição atmosférica e o TGO não consiga captar suas partículas por alguma razão, ou que não haja metano atmosférico em Marte e o Curiosity está estacionado acima de uma fonte local. É provável que este último argumento seja o que está mais próximo da verdade.
Em 2019, um estudo publicado na revista Nature apontava a origem do metano marciano como subterrânea. Ao comparar dados captados pelo Curiosity com as informações coletadas pelo Mars Express, os pesquisadores puderam mapear a localização de uma possível fonte paras as emissões de metano: a Aeolis Mensae, formação geológica que fica a aproximadamente 500 Km da cratera Gale. A região apresenta condições favoráveis para o surgimento de um tipo específico de permafrost, que liberaria quantidades significativas de gás metano. Fraturas na formação poderiam ser causados pelo acumulo de gás ou queda de meteoritos.
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Mais recentemente, outro estudo, publicado em junho deste ano no servidor de pré-impressão Research Square, apontou para outra possível fonte de metano. Levando em consideração a velocidade e direção do vento no momento de cada detecção do gás, a equipe rastreou possíveis pontos de emissão e um deles está a apenas algumas dezenas de quilômetros de distância do rover. “[As descobertas] apontam para uma região de emissão ativa a oeste e sudoeste do rover Curiosity“, escreveram os pesquisadores em seu artigo.
Uma vez que o tempo de vida detectável do metano é de apenas 330 anos, quando é destruído pela exposição solar, acredita-se que o processo produtor de metano ainda está ativo. O próximo passo dos cientistas será descobrir do que se trata exatamente esse processo.