Foguete gigante poderia caçar asteroide interestelar
Novo estudo apresenta possíveis trajetos de missões para ‘Oumuamua, uma rocha espacial de formato estranho vinda de outra estrela
Pode haver no futuro outro uso para o enorme foguete para a colonização de Marte da empresa espacial SpaceX.
O foguete, chamado BRF, poderia lançar uma sonda em direção a ‘Oumuamua, o asteroide interestelar que passou rapidamente pela Terra no mês passado, sugere um novo estudo.
‘Oumuamua, com seus 400 metros de comprimento, atualmente está se afastando de nós a cerca de 26 km/s. Isso é muito mais rápido do que qualquer espaçonave já viajou ao escapar da Terra (embora algumas tenham atingido velocidades maiores ao se aproximar de corpos grandes, como o Sol). Contudo, uma missão utilizando o ainda em desenvolvimento BFR, e usando sobrevoos próximos de Júpiter e do Sol para obter mais aceleração, poderia – teoricamente – perseguir o asteroide, afirmou o estudo.
A análise teórica de uma hipotética missão é baseada em conceitos elaborados por pesquisadores do Instituto Keck para Estudos Espaciais (KISS, na sigla em inglês) e do Laboratório de Propulsão a Jato (JPL, na sigla em inglês) da NASA – ambos em Pasadena, Califórnia -, observaram os autores do estudo.
“O estudo do KISS sobre o meio interestelar calculou que uma velocidade hiperbólica excessiva de 70 km/s era possível através desta técnica, um valor que permite uma intercepção a uma distância de cerca de 85 UA em 2039, se houver um lançamento em 2025”, escreveram os autores no estudo, do qual uma versão foi publicada no website Centauri Dreams. (UA é a abreviação de “unidade astronômica”, a distância entre a Terra e o Sol, que possui cerca de 150 milhões de quilômetros. Uma “velocidade excessiva hiperbólica” se refere à velocidade a espaçonave.)
“Números mais modestos também podem fazer a missão ser bem-sucedida, como uma velocidade de 40 km/s, que levaria a uma intercepção a 155 UA em 2051”, acrescentaram os autores. “Graças à alta velocidade de aproximação, o uso de um impactador disparado a altíssima velocidade, com o objetivo de produzir uma nuvem de detritos que poderia ser analisada com um espectrômetro de massa, seria uma opção para obter dados in loco.”
Uma missão dessas realmente completaria o portfólio reutilizável do BFR. A SpaceX já vislumbra utilizar o foguete gigante – juntamente com sua espaçonave – para todos os tipos de tarefas, incluindo o lançamento de satélites, conduzir passageiros em jornadas super rápidas ponto a ponto ao redor do globo e limpar lixo espacial.
Contudo, o BRF não é a única opção para uma missão a ‘Oumuamua, escreveram os autores do estudo. Pequenas espaçonaves à vela com propulsão a laser, como aquelas que o projeto de US$100 milhões Breakthrough Starshot (tema de reportagem de capa de Scientific American Brasil de abril de 2017) deseja lançar para outros sistemas estelares, também poderiam fazer o trabalho. (Porém, uma data de lançamento para diversas espaçonaves à vela em 2025 não é realista; a equipe do Starshot estimou que a sonda pode estar pronta em 20 anos, se tudo correr bem.)
“Um resultado importante da nossa análise é que uma das vantagem do Projeto Starshot, que faz parte das Iniciativas Breakthrough seria a flexibilidade desse tipo de projeto para reagir rapidamente a futuros eventos inesperados, como o envio de várias sondas para o próximo objeto que seja semelhante ao 1I/‘Oumuamua”, explicou o novo estudo. (O “1I” que precede o `Oumuamua se refere à designação científica oficial do objeto: 1I 2017 U1.)
“Se dispuséssemos de um equipamento desses hoje, uma eventual missão de interceptação poderia alcançar o 1I/`Oumuamua em um ano”, acrescentaram.
Mesmo que uma missão para o ‘Oumuamua nunca aconteça, os astrônomos ainda podem conseguir observar melhor visitantes de outros sistemas solares em um futuro não muito distante: estes intrusos interestelares podem passar rapidamente pelo Sistema Solar interno com a frequência de uma vez a cada ano, disseram cientistas. (No entanto, detectá-los parece ser difícil, dado que o `Oumuamua é o primeiro a ser identificado.)
O novo estudo foi conduzido por pesquisadores usando o Projeto Lyra, o qual pretende avaliar a viabilidade de uma missão para encontrar com o ‘Oumuamua ou voar perto dele. É possível ler uma pequena versão – em inglês – do estudo no Centauri Dreams, ou uma versão mais detalhada no website arXiv.org.
Mike Wall, SPACE.com
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