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Fenômeno da física quântica pode ajudar no tratamento do câncer

Pesquisadores descobriram que efeito fotoelétrico, explicado por Einstein em 1905, pode potencializar a destruição de tumores via radioterapia.

 

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No tratamento de câncer, fenômeno da física quântica intitulado “nuvem de elétrons” aplicado em moléculas de iodo ajuda a destruir tumores. Créditos: Mindy Takamiya / Universidade de Kyoto (iCeMS)

A radioterapia é um dos principais tratamentos oncológicos hoje disponíveis. No entanto, ela sofre com um problema de eficácia. Para que a irradiação de raios-X possa funcionar, é necessário que haja moléculas de oxigênio. Quando os raios-X chegam a interior da célula, eles induzem reações entre o oxigênio e o DNA que podem danificar o tumor, impedindo seu crescimento e multiplicação.  Porém, na região central dos tumores, os níveis de oxigênio são baixos, devido à falta de vasos sanguíneos.

Há anos, cientistas do Instituto de Ciências Integradas de Material Celular da Universidade de Kyoto (iCeMS), junto a colaboradores japoneses e americanos, tentam superar esse problema e encontrar maneirar mais diretas e eficazes de tratar o DNA de células de câncer empregando princípios da física quântica. Suas mais recentes descobertas foram publicadas dia 14 de julhos na revista Scientific Reports.

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Em trabalhos anteriores, os pesquisadores  mostraram que nanopartículas carregadas de gadolínio podem matar células cancerosas quando irradiadas com 50,25 kiloelétrons volts de radiação síncrotron. Para realizar o estudo atual, eles projetaram nanopartículas orgânicas porosas contendo iodo. O iodo é mais barato do que o gadolínio e libera elétrons com níveis menores de energia.

No experimento, os pesquisadores dispersaram suas nanopartículas sobre estruturas esféricas de tecido que continham células cancerosas. As estruturas  esferóides foram depois submetidas à irradiação por raios-X com intensidade de  33,2 keV durante 30 minutos. O iodo libera elétrons que rompem o DNA do tumor, levando à morte celular. O resultado foi a destruição completa dos tumores em três dias. Após fazerem experimentações sistemáticas nos níveis de energia, eles foram capazes de demonstrar que o efeito ideal de destruição do tumor ocorre com o raio-X de 33,2 keV.

“A exposição de um metal à luz leva à liberação de elétrons, um fenômeno chamado efeito fotoelétrico. Em 1905, Albert Einstein em 1905 anunciou o nascimento da física quântica ao explicar esse fenômeno”, disse o biólogo molecular do iCeMS Fuyuhiko Tamanoi, que liderou o estudo. “Nossa pesquisa fornece evidências que sugerem que é possível reproduzir esse efeito dentro das células cancerosas.”

 

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Análises posteriores mostraram que as nanopartículas foram absorvidas pelas células tumorais.  Com a quantidade certa de energia, o iodo liberou elétrons que causaram  quebras na fita dupla no DNA nuclear e, assim provocaram a morte celular.

“Nosso estudo é um exemplo importante de como um fenômeno da física quântica pode ser empregado dentro de uma célula cancerosa”, disse Kotaro Matsumoto, co-utor do artigo. “Parece que uma nuvem de elétrons de baixa energia é gerada perto do DNA. Isso causa danos difíceis de serem reparados e leva à morte da célula.”

Agora, a equipe buscará entender como os elétrons são liberados dos átomos de iodo após estes serem expostos aos raios-X. Além disso, os pesquisadores querem inserir o iodo dentro do DNA, para aumentar a sua eficácia, e testar as nanopartículas em modelos de câncer em ratos.

Publicado em 15/07/2021

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