Espelho principal do Telescópio Espacial James Webb é atingido por micrometeoroide

Ilustração artística do Telescópio Espacial James Webb, recentemente atingido por micrometeoroide. Crédito: Adriana Manrique Gutierrez, NASA Animator
O observatório espacial mais avançado da NASA sofreu seu primeiro impacto perceptível de micrometeoroide menos de 6 meses depois de seu lançamento, mas a agência não está muito preocupada.
O Telescópio Espacial James Webb, também conhecido como Webb ou JWST (sigla em inglês), foi lançado em 25 de dezembro de 2021. Ele passou os meses seguintes viajando até seu destino espacial e se preparando para observações, um complicado processo que ocorreu surpreendentemente bem. Recentemente, a NASA afirmou que espera divulgar as primeiras imagens com qualidade científica do instrumento em 12 de julho.
Agora, a agência anunciou nesta quarta (08/06) que o observatório passou por seus primeiros impactos por um tipo de pequeno detrito espacial chamado “micrometeoroide”. Mas não entre em pânico: tanto a agenda do telescópio como seu legado científico não devem ser prejudicados.
“Com os espelhos do Webb expostos ao espaço, esperávamos que impactos de micrometeoroides ocasionais iriam lentamente degradar a performance do telescópio ao longo do tempo”, afirmou Lee Feinberg, gerente do elemento óptico do Webb no Centro de Voos Espaciais Goddard, Maryland, em pronunciamento. “Desde o lançamento, ocorreram quatro impactos mensuráveis de micrometeoroides menores, o que é consistente com as expectativas. A estes soma-se o mais recente, maior que nossas previsões de degradação assumiam.”
De acordo com o pronunciamento, o mais sério desses impactos ocorreu entre 23 e 25 de maio, afetando o painel C3 do seu espelho principal, composto de 18 peças hexagonais laminadas de ouro.
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Espera-se que todos os objetos enviados ao espaço passem por impactos de micrometeoroide, e eles são projetados com isso em mente. O JWST não é diferente. Os engenheiros do observatório até testaram amostras do espelho com impactos reais para entender como esses eventos afetariam as observações da missão.
No entanto, o impacto recente foi maior do que os modelados ou testados em solo pela equipe, de acordo com o pronunciamento.
Apesar de ter ocorrido bem no início da vida útil do observatório, funcionários da NASA estão confiantes que o instrumento de 10 bilhões de dólares ainda irá funcionar adequadamente.
“Sempre soubemos que o Webb teria que aguentar as condições do espaço. Elas incluem luz ultravioleta danosa e partículas ionizadas do Sol, raios cósmicos de fontes exóticas na galáxia, e ocasionais impactos de micrometeoroides de dentro do nosso Sistema Solar”, afirmou no pronunciamento Paul Geithner, gerente técnico adjunto de projetos no Centro Goddard. “Nós projetamos e construímos o Webb com uma margem de performance — óptica, térmica, elétrica e mecânica — para garantir que possa realizar sua ambiciosa tarefa científica mesmo após muitos anos no espaço.”
Além disso, o JWST foi lançado com suas capacidades ópticas em condições melhores do que a agência esperava, informou o pronunciamento.
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Alguns impactos de micrometeoroide podem ser antecipados, afirmaram os funcionários da agência. Por exemplo, quando se sabe que o observatório passará por chuvas de meteoros conhecidas, a equipe pode manobrar os sistemas ópticos do JWST e colocá-los em locais seguros. Entretanto, o impacto mais recente não fazia parte de uma dessas chuvas de meteoros, e o pronunciamento o classificou como “um evento probabilístico inevitável”.
Depois que um impacto acontece, os engenheiros podem mover os 18 painéis individualmente para manter o espelho como um todo bem ajustado.
Conforme a equipe do JWST continua a avaliar o impacto, a NASA está focada em entender melhor tanto esse evento em particular quanto as condições que o observatório irá atravessar ao longo de sua missão. O telescópio está orbitando o que cientistas chamam de ponto de Lagrange 2 entre o Sol e a Terra, localizado a quase 1,5 milhão de quilômetros do nosso planeta, na direção oposta ao Sol.
“Usaremos esses dados de voo para atualizar nossa análise da performance ao longo do tempo, e também para desenvolver abordagens operacionais para garantir a maximização da capacidade de imageamento do Webb por muitos anos por vir”, afirmou Feinberg.
Meghan Bartels
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Publicado originalmente no site da Scientific American dos EUA em 09/06/2022; aqui em 13/06/2022.