Confira uma prévia das imagens do Telescópio James Webb, capturada por um de seus instrumentos

Imagem capturada pelo Sensor de Orientação Precisa (FGS) do Telescópio Espacial James Webb. A estrela parcialmente visível à direita foi identificada como 2MASS 16235798+2826079. Coloração falsa. Crédito: NASA, CSA, e a equipe do FGS
Durante testes dos instrumentos do Telescópio Espacial James Webb (JWST) em maio, o Sensor de Orientação Precisa (FGS) capturou a imagem mais profunda em infravermelho do Universo até o momento. Liberada pela Nasa em 06/07, ela serve como uma “prévia” das imagens de qualidade científica do observatório, planejadas para o dia 12/07.
Após seu lançamento no Natal do ano passado, o JWST passou cerca de um mês desdobrando-se na posição correta e viajando até seu destino final, o ponto de Lagrange 2 da Terra. A partir de então, ele iniciou uma longa calibragem e testagem de seus instrumentos de observação, espelhos e outros sistemas.
No decorrer de um teste da estabilidade de “mira” do telescópio, o FGS capturou uma imagem. Esse instrumento, desenvolvido pela Agência Espacial Canadense, tem a função de ajudar o JWST a encontrar e apontar para seu “alvo” astronômico — uma tarefa difícil, considerando sua movimentação.
O propósito desse teste era medir a estabilidade do telescópio enquanto girava, como um caça fazendo uma curva, informa Jane Rigby, cientista de operações do JWST no Centro de Voos Espaciais Goddard, em Greenbelt, Maryland (EUA).
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Segundo informa um release de imprensa da Nasa, as imagens capturadas pelo FGS são de uso interno e possuem pouco valor científico — geralmente nem mesmo são enviadas para Terra, considerando a capacidade limitada de comunicação com o telescópio. Mas, durante esse teste, os técnicos da agência identificaram uma oportunidade e recuperaram a captura antes que fosse descartada.
“Com o telescópio Webb atingindo uma qualidade de imagem melhor do que o esperado, no início da sua implantação nós intencionalmente e levemente desfocamos os orientadores para garantir que atingissem seus requisitos de performance”, explica Neil Rowlands, cientista do FGS na empresa Honeywell Aerospace.
“Quando essa imagem foi produzida, fiquei feliz em ver todos os detalhes estruturais dessas galáxias de brilho fraco. Dado o que sabemos ser possível com imagens de orientação de banda-larga profunda, talvez essas imagens, produzidas em paralelo com outras observações quando for possível, poderiam provar-se cientificamente úteis no futuro”, disse ela.
O que vemos na imagem do Webb
A imagem, capturada em 72 exposições ao longo de 32 horas, exibe estrelas — marcadas pelos seis raios partindo do centro, causados pela difração do telescópio — e o fundo repleto de galáxias. Os centros das estrelas aparecem escuros porque seu brilho saturou os detectores do FGS e o instrumento não se moveu com relação ao seu alvo para capturá-los em outros pixels. Vale notar também as bordas da imagem, destacando os diferentes quadros compilados para formar a imagem final.
Sua coloração branca-amarela-laranja-vermelha foi adicionada posteriormente para representar as diferenças entre os pontos mais e menos brilhantes. A imagem real do FGS é monocromática — e por essa razão seu uso científico é limitado. Com imagens de espectro cromático mais amplo, astrônomos avaliam como a expansão do Universo alterou a luz dos objetos astronômicos, revelando sua distância e idade — além possibilitar muitos outros estudos espectroscópicos.
Mesmo não sendo otimizada para capturar objetos de pouco brilho, esta é, pelo menos por enquanto, a imagem mais profunda em infravermelho do Universo, informa a Nasa.
A espera por imagens de real qualidade científica não deve ser muito longa, no entanto. A Nasa anunciou a divulgação das primeiras imagens dos instrumentos principais do Webb para terça-feira, 12/07, quando o recorde estabelecido pelo FGS deve ser novamente quebrado pelo potencial completo deste observatório. “As manchas mais fracas nesta imagem são exatamente o tipo de galáxias remotas que o Webb estudará durante seu primeiro ano de operações científicas”, afirma Rigby.
Publicado em 11/07/2022.