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Cometas também possuem aurora polar

Fenômeno de luminescência na atmosfera, até agora só observado em alguns planetas e luas foi, detectado pela primeira vez pela sonda espacial Rosetta

Essa composição é um mosaico que comprime quatro imagens NAVCAM individuais tiradas a 31Km a partir do centro do cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko em 20 de novembro de 2014. A resolução da imagem é de 3 metros por pixel. Créditos: ESA/Rosetta/NAVCAM, CC BY-SA IGO 3.0

 

O cometa 67P/Churyumov-Gerasimenko possui sua própria aurora, iluminada por raios do chamado comprimento de onda no ultravioleta distante. É o que mostrou a  sonda espacial Rosetta, da Agência Espacial Europeia, que pela primeira vez detectou a ocorrência de emissões eletromagnéticas nesta frequência ocorrendo em um corpo que não seja um planeta ou uma lua. A descoberta foi relatada  Nature Astronomy.

Na Terra, as auroras polares são geradas quando partículas carregadas eletricamente vinda  do Sol atingem a atmosfera, e criam  luzes coloridas em cores verde, branca e vermelha. Em muitos outros lugares no Sistema Solar, incluindo Júpiter e algumas de suas luas,  Saturno, Urano, Netuno e até Marte, também foram observadas versões locais das auroras polares. Mas o fenômeno ainda não fora documentado em cometas.

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A sonda Rosetta é a caçadora de cometas que mais viajou que mais contribuiu para a  exploração espacial. Lançada em 2004, ela orbitou o cometa 675P/Churyumov-Gerasimenko desde agosto de 2014, até o seu dramático pouso no cometa e o consequente fim da missão em setembro de 2016. Os dados para seu estudo mais recente foram o que os cientistas da missão interpretaram inicialmente como “dayglow”, um processo causado por fótons interagindo com o envelope de gás — conhecido como coma — que irradia a partir do núcleo do cometa e ao seu redor. Mas novas análises dos dados elaboram uma teoria muito diferente.

“O brilho ao redor do 67P/C-G é único”, disse Marina Galand do Imperical College de Londres,  e autora principal do estudo. “Ao conectar dados de inúmeros instrumentos da Rosetta, nós conseguimos ter uma ideia melhor do que está acontecendo. Isso nos permitiu a identificar, sem dúvidas, como as emissões atômicas ultravioletas do 67P/C-G se formam”.

Os dados indicam que as emissões do 67P/C-G têm na verdade a natureza de uma aurora. Os elétrons que são trazidos pelo vento solar  — o fluxo de partículas carregadas vindas  do Sol — interagem com o gás da coma no cometa, partindo as moléculas de água. Os átomos resultantes causam uma luz distinta no comprimento do ultravioleta distante. Invisível a olho nu, a radiação do ultravioleta distante possui os menores comprimentos do espectro ultravioleta.

Explorar as emissões do 67P/C-G permitirá aos cientistas aprenderem como as partículas no vento solar se alteram com o tempo, algo que é crucial no entendimento do clima espacial em todo o Sistema Solar. O conhecimento de como  a radiação do Sol afeta o ambiente espacial pode nos ajudar  a proteger satélites e espaçonaves, inclusive as que levarão astronautas  para a Lua e Marte.

Os instrumentos da NASA a bordo da Rosetta da ESA

A Nasa  forneceu alguns dos instrumentos que permitiram essa descoberta.  O  Ion and Electron Sensor (IES) detectou a quantidade e a energia de elétrons próximos a sonda. O instrumento Alice mediu a luz ultravioleta emitida pela aurora, e o Instrumento Microwave for the Rosetta Orbiter (MIRO) mediu a quantidade de moléculas de água ao redor do cometa (o instrumento MIRO inclui contribuições da França, Alemanha e Taiwan). Outros instrumentos a bordo da espaçonave utilizados na pesquisa foram o Visible and InfraRed Thermal Imaging Spectrometer da Agência Espacial Italiana, a Langmuir Probe (LAP) fornecido pela Suécia, e o Rosetta Orbiter Spectrometer for Ion and Neutral Analysis (ROSINA) fornecido pela Suíça.

Publicado em 24/09/2020

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