Cientistas observam buracos negros devorando estrelas de nêutrons
Pela primeira vez, cientistas detectaram uma colisão entre os objetos mais extremos e enigmáticos do Universo. O Observatório de Ondas Gravitacionais por Interferômetro a Laser (LIGO), nos Estados Unidos. e o observatório Virgo, na Itália, descobriram dois eventos separados em que buracos negros engolem estrelas de nêutrons. Ao explicar o fenômeno, os estudiosos recorreram à comparação com um famoso jogo digital antigo, o vídeo game Pac-Man.
A detecção ocorreu através da das ondas gravitacionais emitidas pela fusão desses corpos celestiais. Os resultados obtidos pela equipe, que contou com mais de mil cientistas de várias partes do mundo, foram publicados na terça-feira, dia 29 de junho.
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De acordo com os pesquisadores, suas observações devem ajudar a desvendar alguns dos mistérios mais complexos do Universo. Entre eles a composição da matéria e o funcionamento do espaço-tempo.
Para Susan Scott, professora do Centro de Astrofísica Gravitacional da Universidade Nacional da Austrália, os eventos observado ocorreram há cerca de um bilhão de anos, mas foram tão massivos que ainda somos capazes de observar suas ondas gravitacionais nos dias de hoje.
“Essas colisões abalaram o Universo em seu núcleo e detectamos as ondulações que elas enviaram através do cosmos.”, disse ela. “Cada colisão não é apenas a junção de dois objetos massivos e densos. É realmente como o Pac-Man, com um buraco negro engolindo por inteiro sua estrela de nêutrons.”
Um dos eventos detectados envolveu um buraco negro com uma massa nove vezes maior do que a do Sol e uma estrela de nêutrons com o dobro da massa solar. Do segundo evento detectado participaram um buraco negro de massa equivalente à de seis sóis e uma estrela de nêutrons apenas 50% maior que o Sol .
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Segundo a professora Scott, que também lidera as investigações do Centro ARC de Excelência para Descoberta de Ondas Gravitacionais (OzGrav), a equipe internacional já havia capturado muitos eventos envolvendo dois buracos negros colidindo, bem como a fusão de duas estrelas de nêutrons.
“Agora, completamos a última peça do quebra-cabeça com as primeiras observações confirmadas de ondas gravitacionais de um buraco negro e uma estrela de nêutrons colidindo”, disse ela.
“Esse tipo de detecção é incrivelmente raro. E nós não detectamos esses eventos uma só vez – mas duas vezes e com 10 dias de diferença”, completou o Dr. Johannes Eichholz, colega de Scott no Centro de Astrofísica Gravitacional OzGrav. Ele aponta que as detecções foram feitas originalmente em 5 e 15 de janeiro de 2020. “Assim como as ondulações desses dois eventos, que foram sentidas um bilhão de anos depois, essas descobertas terão um impacto duradouro na nossa compreensão do Universo.”
Publicado em 30/06/2021