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Até 45% das pessoas infectadas com SARS-CoV-2 podem não apresentar sintomas

Estimativa de elevado percentual de assintomáticos ressalta a importância de testes em massa para identificar contágio e mitigar a pandemia

Créditos: Shutterstock

 Um elevado percentual  das pessoas infectadas pelo vírus causador da pandemia  de COVID-19 nunca apresentou sintomas da doença. É o que sugere uma análise feita pela instituição de pesquisa norte-americana  Scripps Research a partir de bases de dados públicas sobre infecções assintomáticas. 

O estudo, publicado na revista Annals of Internal Medicine, sugere que essas infecções assintomáticas podem contabilizar até 45% de todos os casos de COVID-19, tendo um papel importante no início do contágio da COVID-19. O relatório ressalta a necessidade para a testagem em massa e localizar o contágio para mitigar a pandemia. 

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“O contágio silencioso do vírus o torna muito mais difícil o controle ”, diz Eric Topol, médico, fundador e diretor da Scripps Research Translational Institute e professor de Medicina Molecular na Scripps Research. “Nossa revisão realmente ressalta a importância dos testes. Está claro que, com tal taxa de assintomáticos, será preciso moldar uma rede de monitoramento muito abrangente, caso contrário o vírus continuará a fugir de nós”.

Junto ao cientista comportamental Daniel Oran, Topol coletou informações de estudos de testes de 16 diferentes grupos ao redor do mundo. Esses bancos de dados — reunidos via buscas nos arquivos PubMed, bioRxiv e medRxiv, além de buscas no Google por novos relatórios relevantes — incluíram dados de residentes de casas de repouso, passageiros de cruzeiros, presidiários e diversos outros grupos. 

“O que virtualmente todos eles tinham em comum era a grande proporção de indivíduos infectados que não apresentavam sintomas”, diz Oran. “Dentre mais de 3 mil presidiários em quatro estados que testaram positivo para o coronavírus, a imagem era astronômica: 96% eram assintomáticos”. 

 A revisão sugere também  que os indivíduos assintomáticos estão aptos a transmitirem o vírus por períodos mais extensos de tempo, talvez por mais do que 14 dias. As doses virais são similares nas pessoas com ou sem sintomas, mas ainda é incerto se a sua capacidade de infectar tem a  mesma magnitude. Para resolver essa questão, precisaremos de estudos grandes que incluam  pessoas assintomáticas em quantidade suficiente.

Os autores também concluem que a falta de sintomas não implica em diminuição do perigo. Tomografias computadorizadas feitas em 54% de 76 indivíduos assintomáticos no navio de cruzeiro Diamond Princess mostraram anormalidades  no pulmão, o que levanta a possibilidade de que a infecção por SARS-CoV-2 impacte o funcionamento do pulmão de uma forma que não é aparente. Os cientistas dizem que são  necessárias mais pesquisas para confirmar o significado potencial da descoberta. 

Os autores também reconhecem que a falta de dados longitudinais dificulta a distinção entre indivíduos  assintomáticos e pré-sintomáticos. Um indivíduo assintomático é alguém que foi infectado por SARS-CoV-2, mas nunca desenvolve os sintomas da COVID-19, enquanto o pré-sintomático foi infectado e  eventualmente desenvolverá os sintomas. A testagem longitudinal, que se refere a realização repetida de testes em indivíduos ao longo do tempo, iria ajudar a diferenciar os dois tipos. 

“Nossa estimativa de 40% a 45% de assintomáticos significa que, se alguém tiver o azar de ser infectado, a probabilidade de se apresentar sintomas é  quase a de um ‘cara ou coroa’. Então acreditamos que utilizar as máscaras para proteger os outros faz muito sentido”, conclui Oran. 

Scripps Research Institute

Publicado em 16/06/2020

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