Astrônomos confirmam descoberta do objeto mais distante do Sistema Solar
A União Astronômica Internacional (UAI) reconheceu esta semana que um objeto descoberto em 2018 pode ser considerado como o mais distante componente do Sistema Solar. O corpo celeste, que quando foi descoberto recebeu o apelido de farfarout (o nome é um trocadilho em inglês que significa algo como “muito, muito legal”), recebeu a designação provisória de 2018 AG37, dada pelo Centro de Planetas Menores da UAI.
Farfarout foi detectado pela primeira vez em janeiro de 2018 pelo Telescópio Subaru, que fica no Havaí. Os astrônomos que o identificaram sabiam que ele estava muito longe, mas não podiam estimar a distância com maior precisão. “Naquela época não conhecíamos a órbita do objeto, pois só tínhamos as observações coletadas pelo Subaru durante 24 horas que levaram à descoberta”, explicou Scott Sheppard do Instituto Carnegie para a Ciência, que foi um dos descobridores originais. “Mas obter a órbita de um objeto em torno do Sol exige anos de observações. Tudo o que sabíamos era que o objeto parecia estar muito distante”, diz ele.
Sheppard e seus colegas David Tholen, da Universidade do Havaí, e Chad Trujillo, da Universidade do Norte do Arizona, passaram os anos seguintes rastreando o objeto usando o telescópio Gemini North, que também fica no Havaí, e os telescópios de Magalhães, do Instituto Carnegie, que ficam no Chile. Agora, eles confirmaram que Farfarout está atualmente a uma distância de 132 unidades astronômicas (UA) do Sol, o que equivale a 132 vezes a distância entre o Sol e a Terra. Só para comparar, em média Plutão fica a 39 UAs do Sol.
Farfarout fica ainda mais longe do que o detentor anterior do recorde, que foi descoberto pela mesma equipe e apelidado de “Farout”. Farout foi provisoriamente designado como 2018 VG18 e está a 124 UAs do Sol.
Porém, a órbita de Farfarout é bastante alongada. No ponto mais distante, ele chega a 175 UAs do Sol, e no mais próximo cai para apenas 27 UAs. Isso já está dentro do raio da órbita de Netuno. Como sua órbita cruza a de Netuno, Farfarout pode vir a fornecer informações sobre a história do Sistema Solar exterior.
“Provavelmente no passado Farfarout passou muito perto de Netuno e por isso foi arremessado tão longe no Sistema Solar exterior”, disse Trujillo. “E provavelmente ele irá interagir com Netuno novamente no futuro, uma vez que suas órbitas ainda se cruzam.”
Farfarout aperece com uma luminosidade muito fraca. Com base em seu brilho e em sua distância do Sol, a equipe estima que ele tenha cerca de 400 quilômetros de diâmetro, o que lhe permitiria futuramente ser reconhecido como planeta anão pela União Astronômica Internacional. “Farfarout leva um milênio para completar uma volta em torno do Sol”, diz Tholen. “Ele se move muito lentamente pelo céu, e por isso são necessários vários anos de observações para determinar com precisão sua trajetória. Somente nos últimos anos, com a entrada em funcionamento de telescópios muito grandes, com câmeras digitais enormes, é que passamos a ter a capacidade de detectar este tipo de objeto”, diz ele”
Os descobridores de Farfarout acreditam que há objetos celestes ainda mais longínquos por se descobrir, e que talvez ele não se mantenha muito tempo como detentor do recorde de mais distante. “Em termos de objetos muito distantes no Sistema Solar, Farfarout é apenas a ponta do iceberg”, diz Sheppard.
A UAI declarou que, depois que mais observações forem reunidas e o conhecimento da órbita de Farfarout se tornar ainda mais refinado nos próximos anos, o corpo receberá um nome oficial.
Publicado em 11/02/2021