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Antepassado do rinoceronte tinha peso igual ao de quatro elefantes

Parente distante do animal moderno, o "rinoceronte gigante" media 6 metros de altura. Fósseis encontrados na China ajudam a entender como eles evoluíram e se espalharam.
Rinoceronte gigante

Representação artística de um “rinoceronte gigante” que teria habitado a Bacia Linxia durante o Oligoceno. Créditos: Chen Yu

A lista dos animais gigantes que já caminharam sobre a Terra no passado remoto do planeta vai muito além dos dinossauros. O maior mamífero conhecido, que viveu há cerca de 22 milhões de anos, pertencente ao gênero Paraceratherium. Esses animais ganharam o apelidados de “rinocerontes gigantes“, devido ao seu tamanho e parentesco com os animais modernos, e viviam em territórios do continente asiático, como China, Mongólia, Cazaquistão e Paquistão. Os paleontólogos ainda sabem poico sobre coo se deu o processo evolutivo e a dispersão territorial daqueles gigantes. Mas uma recente descoberta pode ser uma importante peça para montar o quebra-cabeça da Terra pré-histórica.

Partindo de fósseis encontrados em maio de 2015 na região de Linxia, que fica na província Gansu, no noroeste chinês, especialistas conseguiram identificar a existência de uma nova espécie . Liderado pelo professor Deng Tao, do Instituto de Paleontologia e Paleoantropologia de Vertebrados (IVPP) da Academia Chinesa de Ciências, o estudo contou com a colaboração de cientista vindos da China e dos EUA. Suas conclusões foram publicadas no Communications Biology no dia 17 de junho. 

Uma das descobertas corresponde ao crânio, mandíbula, dentes e região que conecta a coluna vertebral à cabeça, enquanto o outra consiste de três vertebras. Com base em características específicas do esqueleto, os pesquisadores puderam definir que os fósseis pertencem a seres de uma espécie que ainda não havia sido catalogada.  Decidiu-se, portanto, que o animal seria chamado de Paraceratherium linxiaense. O primeiro nome se refere a um grupo mais abrangente de rinocerontes gigantes e o segundo, que define a espécie, tem como referência o local da descoberta dos fósseis.

O que são os rinocerontes gigantes?

Descobertos pela primeira vez há cerca de um século, os rinocerontes gigantes são parentes distantes dos rinocerontes modernos. Ambos pertencem à mesma superfamília, Rhinocerotoidea, porém a filogenia destes últimos segue para a família Rhinocerotidae. Já os animais pré-históricos em questão são membros da família Hyracodontidae.

Os rinocerontes gigantes são muito maiores que seus parentes que conhecemos hoje, tendo aproximadamente 6 metros de altura e 20 toneladas. Esse é o peso equivalente ao de quatro elefantes asiáticos, aproximadamente. Além disso, eles não possuíam chifres, característica que teria vindo muitos anos depois na escala evolutiva.

Nova peça para o quebra-cabeça da Terra pré-histórica

Os fósseis recuperados em Linxia, no planalto do Tibete, remontam ao período Oligoceno, que durou de  34 a 23 milhões de anos atrás.  De acordo com líder do estudo, Deng Tao, a nova espécie está intimamente relacionada a outra espécie descoberta no Paquistão, P. bugtiense.

Certas adaptações às duas primeiras vértebras cervicais para suportar o corpo e pescoço longo do animal já estavam presentes em indivíduos P. grangeri e P. bugtiense. Mas elas aparecem muito mais desenvolvidas em seres  Paraceratherium linxiaense. A primeira vértebras (atlas) é alongada e segunda (axis) está posicionada um pouco mais alta, tais características favorecem a maior flexibilidade do pescoço.

Segundo os pesquisadores, ao longo do Oligoceno Inferior, a espécie P. asiaticum teria se dispersado para o oeste (Cazaquistão). Sua linhagem descendente se expandiu até o Sul da Ásia como P. bugtiense. No final do período Oligoceno, o Paraceratherium retornou para o norte, percorrendo o território tibetano para originar P. lepidium a oeste e P. linxiaense a leste.

“As condições tropicais do final do Oligoceno permitiram que o rinoceronte gigante retornasse ao norte para a Ásia Central. Isso implica que a região tibetana não se elevasse como um planalto à época“, disse Deng.

Até o período do Oligoceno Superior, portanto, o Planalto Tibetano ainda não era elevado o suficiente para proporcionar uma barreira a migração de mamíferos terrestres, conforme é possível inferir através dos dado sobre a evolução e migração de P. bugtiense para P. linxiaense.

Publicado em 21/06/2021

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