Notícias

Agências espaciais começam a desenvolver sistema para proteger a Terra de meteoros

Sondas da Nasa e da ESA vão colidir intencionalmente com um par de asteroides, para que cientistas possam aprender métodos para alterar trajetória de corpos celestes

Imagem retratando o Hera monitorando asteroide que sofreu impacto

Hoje, a Agência Espacial Europeia (ESA) firmou um contrato de cerca de  130 milhões de euros para o desenvolvimento da missão Hera, a primeira da agência com foco na defesa da Terra contra o impacto de outros corpos planetários. O valor vai cobrir desde a fase de projeto até a etapa de testes. O objetivo é que a Hera seja capaz de alcançar um asteroide e explorar seus recursos de forma sustentável. A previsão é que seja lançada em outubro de 2024

A Hera é parte de um esforço internacional de deflexão de asteroides chamado AIDA, sigla que significa Avaliação de Impacto de Deflexão de Asteroides. A AIDA está sendo desenvolvida por cientistas europeus e norte-americanos. A contribuição americana será o projeto DART, da Nasa.  O DART  terá como objetivo colidir com  um sistema de dois asteroides. Estima-se que 15% de todos os asteroides conhecidos formem pares, mas até agora nenhum deles foi visitado por uma sonda terrestre.  A nave DART irá colidir com o menor dos corpos da dupla de asteroides. Após o impacto, a Hera vai monitorar os seus efeitos, de forma que, a partir desta experiência, possam ser desenvolvidas técnicas eficazes de deflexão de asteroides.

 

++ LEIA MAIS

Asteróide não detectado passa raspando e bate recorde de aproximação com a Terra

Impactos de asteróides poderiam ter criado ingredientes essenciais para vida na Terra e em Marte, sugere estudo

O sistema binário de asteroides selecionado para o experimento chama-se Didymos. O corpo principal  de Didymos possui o tamanho de uma montanha, com um diâmetro de 780 metros, e tem em sua órbita uma lua com 160 metros, batizada formalmente de ‘Dimorphos’ em junho de 2020, com o tamanho aproximado da pirâmide de Giza.

Espera-se que o impacto cinético do DART sobre o Dimorpho, programado para setembro de 2022, altere sua órbita ao redor de Didymos, além de criar uma cratera substancial. O  asteroide-satélite se tornará então o primeiro corpo celestial a ter suas características físicas e orbitais alteradas por intervenção humana. Hera chegará ao sistema Didymos no fim de 2026, para realizar pelo menos seis meses de estudo.

A sonda  Hera também irá utilizar em sua tarefa diversas tecnologias novas, tais como a navegação autônoma ao redor do asteroide — tal como fazem os carros autônomos modernos na Terra — enquanto realiza a coleta de dados.  A sonda também lançará os primeiros satélites europeus do tipo ‘CubeSats’, construídos  a partir de caixas de 10 cm,  no espaço profundo. Eles irão fazer estudos mais perto do corpo celeste, incluindo a primeira análise por radar do interior de um asteroide.

A missão Hera será sediada pelo centro ESOC da ESA em Darmstadt, Alemanha, que também é a casa do novo programa de Segurança Espacial e Seguridade da ESA, do qual a Hera faz parte.

Entre os parceiros europeus envolvidos no projeto  estão Alemanha, Itália,  Bélgica, Luxemburgo, Portugal, Romênia, República Tcheca, Espanha, Áustria, Dinamarca, França, Hungria, Holanda, Suíça, Finlândia, Polônia, Irlanda e a Letônia, que é um país membro associado da ESA.

Publicado em 18/09/2020